terça-feira, 4 de maio de 2010

Políticos são vaiados até no cinema

20.11.2009

Após dias afastada do blog por falta de 'tato' pra escrever, em função dos últimos acontecimentos que me deprimiram ideologicamente, acabei vendo uma matéria no site da uol que me chamou a atenção. Num Festival de Cinema, em Bsb, alguns políticos foram vaiados em um filme, ato que denota a insatisfação do público em geral ao ver o ex-Presidente FHC por exemplo, que já foi um ativista político de esquerda e lembrar que ele 'quase' vendeu o país em suas liqüidações de empresas, sem falar no Sarney, que também aparece no filme.

20/11/2009 - 15h41

Sarney, FHC e Jarbas Passarinho são vaiados em documentário sobre Manoel Fiel Filho


ALESSANDRO GIANNINI
Editor de UOL Cinema, enviado especial a Brasília*

O documentário "Perdão, Mister Fiel", de Jorge de Oliveira e co-direção de Pedro Zoca, causou polêmica na noite desta quinta (19), no 42o. Festival de Brasília. O longa-metragem brasiliense que concorre na mostra competitiva reconstitui, por meio de encenações dramáticas e depoimentos, a morte do operário Manoel Fiel Filho em setembro de 1976, nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.

  • "Perdão, Mister Fiel" reconstitui a morte do operário Manoel Fiel Filho



O assassinato de Fiel Filho pelos agentes da repressão deflagrou a mudança de comando do Segundo Exército pelo presidente Geisel e iniciou o processo, lento e gradual, que levaria à redemocratização do país. Por várias vezes, alguns dos personagens que dão depoimento no filme foram vaiados, como os ex-presidentes José sarney e Fernando Henrique Cardoso, além do ex-ministro Jarbas Passarinho.

O filme foi exibido na segunda noite da mostra competitiva do festival, com a presença da viúva de Fiel, Tereza Fiel, e do neto dela, Tadeu, além do senador Roberto Freire. E, embora muito comentado e aplaudido, não teve a repercussão positiva que se esperava. As porções ficcionais, que cuidavam de reconstituir a rotina de Fiel Filho, a prisão por agentes do DOI-Codi, a tortura e a morte acidental do operário, são mal concebidas, pessimamente encenadas e não cumprem a função de aliviar o espectador do vai-e-vem de uma enxurrada de entrevistas.

Falam no filme os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, o presidente Lula, o ex-ministro Jarbas Passarinho e vários políticos e ex-militantes de esquerda que foram presos e torturados, como o prório senador Roberto Freire, o jornalista Paulo Markun e vários outros. Sarney, Fernando Henrique e Passarinho foram vaiados logo que apareceram na tela. Numa escala de intensidade, Sarney e Passarinho foram os mais hostilizados pela platéia. A vaia a Fernando Henrique foi mais discreta.

O melhor depoimento, no entanto, é o do ex-sargento Marival Chaves, ex-agente e analista do DOI-Codi na ditadura militar. Chaves, que já havia sido entrevistado pelo jornalista Expedito Filho para a revista semanal "IstoÉ", dá novas informações sobre Fiel Filho e como funcionava a máquina repressora do Estado sob o governo do general Ernesto Geisel. Ele dá nomes dos responsáveis pelas operações "semi-legais" e clandestinas do órgão de repressão e fala sobre desaparecidos famosos, como o político Rubens Paiva, pai do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, cujo corpo teria sido esquartejado e jogado em um rio.

Segundo a produtora Ana Maria Rocha, foram necessários dois anos de contatos e negociações para que Marival Chaves aceitasse dar um depoimento. E quando finalmente o personagem resolveu falar, o filme já estava editado. "Mandamos uma equipe até o Espírito Santo, onde ele mora, e ele falou por duas horas ininterruptas", disse ela, durante o debate desta sexta (20). "Nós tínhamos que ter o outro lado, e ele acabou fazendo essa função. Até tirei um pouco do Jarbas Passarinho. No fim, o Marival acabou pontuando o filme. Apesar de tudo, ele foi muito corajoso de se expor dessa maneira."

(O jornalista viajou a Brasília a convite do festival)

postado por Andrea Puríssimo, às 22:33

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